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IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5 • nº 4
Effect of red mud addition on the corrosion parameters of reinforced concrete evaluated by
electrochemical methods
1. Introdução
A produção mundial de bauxita em 2008 foi de cerca de 205 mi-
lhões de toneladas, e os principais países produtores foram Aus-
trália, China, Brasil, Guiné, Índia e Jamaica. Ocupando a 3ª posi-
ção no ranking mundial em 2008, o Brasil produziu 26,6 milhões
de toneladas de bauxita, possuindo também a terceira maior re-
serva de minério de bauxita do mundo (cerca de 3,5 bilhões de
toneladas), concentrado principalmente no norte do país (estado
do Pará) [1]. Entre 0,3-1,0 tonelada de lama vermelha são gerados
para cada tonelada de alumínio produzido. Cerca de 10,6 milhões
de toneladas de lama vermelha cáustica são descartadas anu-
almente durante os últimos anos no Brasil, enquanto a geração
mundial atinge mais de 117 milhões de toneladas/ano [2].
A estocagem desta grande quantidade de resíduo alcalino (lama
vermelha) é cara (entre 1 e 2% do preço da alumina), requer uma
grande área de disposição (cerca de 1 km quadrados por cinco
anos para uma fábrica que produza 1 Mton de alumina por ano)
e provoca uma série de problemas ambientais [3]. Assim, a utili-
zação deste resíduo em matrizes cimentícias torna-se bastante
atrativa pelo fato da elevada quantidade de cimento consumido
em todo o mundo ser compatível com a geração também bastante
elevada deste resíduo.
Matrizes alcalinas como as de cimento Portland (argamassas e
concretos) são comumente usadas no acondicionamento de re-
síduos. Elas são baratas, mostram uma história amplamente do-
cumentada de segurança, e são provenientes de uma tecnologia
facilmente acessível. A alcalinidade reduz a solubilidade de muitas
espécies inorgânicas perigosas e inibe processos microbiológicos.
Além disso, uma vez que essas matrizes necessitam de água para
hidratação, eles podem facilmente incorporar resíduos úmidos [1],
tais como a lama vermelha. A lama vermelha foi escolhida para o
presente trabalho, devido aos seus elevados teores de alumina e
óxidos de ferro.
A busca por alternativas ambientalmente e economicamente vi-
áveis de reciclagem incluem aplicações da lama vermelha como
adsorvente para a remoção de cádmio, zinco e arsênio, flúor,
chumbo e cromo em soluções aquosas [4], como componente
de materiais de construção, tais como tijolos [5], cerâmicas e te-
lhas [6], esmaltes [7], como compósitos de base polimérica para
substituir a madeira [8], cimentos ricos em ferro [9, 10], como um
componente do clínquer [3, 9, 10], e a sua adição às formulações
de argamassa e concreto também foi relatada [11]. A utilização
como material de construção comum tem sido sugerida como uma
alternativa que garante altas taxas de consumo [12].
A elevada alcalinidade da lama vermelha, inicialmente fator de
preocupação ambiental, surge como principal trunfo na tentati-
va de utilizá-lo como inibidor de corrosão em concreto armado,
mantendo sua passividade. Para avaliar esta possibilidade de
utilização, neste trabalho, a armadura do concreto armado teve
sua corrosibilidade verificada por meio da medida do potencial de
corrosão e da resistividade elétrica.
Por meio da análise dos resultados, em comparação com amostras
de referência (sem adição do resíduo), pretendeu-se determinar a
viabilidade do resíduo como adição à matriz de cimento Portland,
proporcionando uma destinação adequada e menos onerosa.
Dessa forma, buscou-se uma alternativa para dois grandes pro-
blemas atuais: a corrosão em concreto armado, que consome
Figura 1 – (A) e (B) Esquema da delimitação da área de exposição da barra e;
(C) e (D) Posicionamento da barra no corpo de prova (adaptado de SANTOS [13])