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IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5 • nº 6
E. PEREIRA | M. H. F. de MEDEIROS
de de propagação de ondas ultrassônicas e a resistência à com-
pressão. Além disso, Machado et al. [22], utilizando os ensaios
de esclerometria, penetração de pinos e ultrassom para determi-
nação da resistência do concreto, chegaram à conclusão que o
ultrassom apresentou os piores resultados quanto à correlação
para obtenção da resistência.
Desse modo, o foco do presente trabalho é verificar se o ensaio
de “Pull Off” apresenta melhor correlação com a resistência à com-
pressão do que os dois ensaios normalizados atualmente pela As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
3. Planejamento experimental
O planejamento experimental desta pesquisa buscou investigar a
eficiência de ensaios não destrutivos como ferramenta de avalia-
ção da resistência do concreto comparativamente aos resultados
obtidos por compressão simples em corpos de prova cilíndricos e
prismáticos. Para isto, selecionou-se os ensaios de esclerometria
e velocidade de ultrassom, normalizados no Brasil e o ensaio de
arrancamento “Pull Off”, apresentado aqui como uma alternativa
aos ensaios populares de avaliação de estruturas.
3.1 Materiais empregados
O cimento utilizado foi o CP II F-32 e sua composição química e
caracterização física e mecânica encontram-se representados na
Tabela 1.
O agregado miúdo é uma areia natural oriunda de rio, com mó-
dulo de finura de 2,23 cuja distribuição granulométrica se enqua-
dra como zona ótima, sendo equivalente a uma areia média. O
agregado graúdo é de natureza calcário, se enquadrando como
faixa de dimensões entre 9,5 e 25,0 mm, com dimensão máxima
característica de 25 mm. As Figuras 4 e 5 apresentam as curvas
granulométricas destes dois agregados.
3.2 Descrição das variáveis de estudo
Incialmente foi realizada a dosagem do concreto com três dife-
rentes relações água/cimento (0,43; 0,5 e 0,59). Com este con-
creto moldou-se corpos de prova cilíndricos e prismáticos para os
ensaios de compressão simples, esclerometria e ultrassom. Para
o ensaio de “Pull Off” foi moldada uma placa de concreto para
cada relação água/cimento. Todos os ensaios foram realizados
no Laboratório de Materiais e Estruturas localizado no Campus
da UFPR.
Tabela 2 – Proporcionamento dos
concretos empregados
Cimento:
agregados
Cimento:
areia:
brita:
a/c
Abatimento
do tronco
de cone
(mm)
1: 3
1: 1,08: 1,92: 0,43
105
1: 4
1: 1,60: 2,40: 0,50
90
1: 5
1: 2,12: 2,88: 0,59
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3.3 Dosagem do concreto
Para a definição dos traços usados na pesquisa, foi utilizado o
método de dosagem experimental do IPT/EPUSP, também co-
nhecido como método dos quatro quadrantes, que é fundamen-
tado nas leis de Lyse, Molinari e Abrams e se baseia no ajuste de
curvas de resistência e trabalhabilidade em função dos requisitos
estruturais. O abatimento (Slump Test) fixado para esta dosagem
foi de 100 ± 10 mm e o teor de argamassa utilizado para todas as
misturas foi de
a
= 52 %. Os dados de proporcionamento dos ma-
teriais e consistência estão expostos na Tabela 2. Vale salientar
que não foi usado adição mineral nem aditivo superplastificante na
composição do concreto.
Para cada concreto foram moldados 1 placa prismática de 55
cm x 55 cm x 20 cm para realização do ensaio “Pull Off”, 6
corpos de prova cilíndricos de 15 cm x 30 cm e 6 corpos de
prova prismáticos com 15 cm de arestas para os ensaios de
compressão simples, esclerometria e velocidade de propaga-
ção de ultrassom.
Para garantir a homogeneidade da mistura, todo o concreto utiliza-
do nesta pesquisa foi confeccionado em betoneira de eixo inclina-
do com capacidade de 240 litros e adensado em mesa vibratória
com preenchimento dos corpo de prova feito em duas camadas
de concreto, tanto para os cilíndricos quanto os prismáticos. Cada
camada foi submetida a um ciclo de 20 segundos de adensamento
em mesa vibratória.
Após a moldagem, os corpos de prova foram curados em câmara
úmida (95% de umidade relativa e 23 ± 2 °C de temperatura) con-
forme NBR 5738 [29], durante 112 dias. A escolha de uma idade
elevada para os ensaios de resistência deve-se ao fato de que
nas obras os ensaios são destinados a avaliar estruturas antigas
e com grau de hidratação elevado, sendo assim, ensaios em ida-
des maiores demonstram maior confiabilidade com relação ao que
ocorre na prática.
3.4 Velocidade de propagação de ultrassom
Após o tempo de cura dos corpos de prova, procederam-se os
ensaios de ultrassom em todos os corpos de prova conforme a
Figura 6 – Ensaio de ultrassom