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IBRACON Structures and Materials Journal • 2013 • vol. 6 • nº 3
M. R. M. M. COSTA | E. PEREIRA | R. G. PILEGGI | M. A. CINCOTTO
mistura originam a incorporação de ar na mistura fresca. Através
dos resultados verificou-se uma forte correlação entre densidade no
estado fresco e teor de ar incorporado (R² = 0,9693). Uma variação
no teor e tipo de aditivo pode ter uma impacto significativo sobre o
comportamento da argamassa fresca, não tendo sido possível de-
terminar nesta pesquisa estes percentuais adicionados.
A Figura 4 apresenta a viscosidade das pastas em função da taxa
de cisalhamento.
Os dados obtidos no ensaio mostram que todas as pastas apre-
sentaram comportamento pseudoplástico, ou seja, decréscimo da
viscosidade com acréscimo da taxa de cisalhamento. Apesar de
as argamassas apresentarem viscosidades diferentes na faixa de
0 a 50 S
-1
as curvas indicam uma tendência de aproximação da
viscosidade a partir de taxas de cisalhamento superiores, seme-
lhantes às taxas de cisalhamento impostas no ensaio “Squeeze
Flow” para as argamassas. Desta forma, não foi considerado nes-
se trabalho a viscosidade da pasta como uma variável na avalia-
ção do comportamento reológico das argamassas.
O perfil das curvas obtido no ensaio “Squeeze Flow” para as arga-
massas colantes está apresentado na Figura 5.
As curvas da Figura 5 demonstram que as argamassas colantes
apresentam características reológicas diferentes, pois cada arga-
massa mostrou capacidade distinta de absorção do carregamento
de compressão imposto pelo punção móvel do equipamento.
A argamassa C, que apresentou maior carga máxima de com-
pressão que as demais, apresentará maior dificuldade ao espa-
lhamento e deformação dos cordões. A argamassa F, por ter se
apresentado muito fluida frente às demais, mostrará facilidade ao
espalhamento e formação dos cordões, provavelmente até em ex-
cesso, com possível deslizamento da placa.
Como não foi possível obter um parâmetro do esforço aplicado
pelo oficial pedreiro para o espalhamento e formação dos cordões
de argamassa, não cabe afirmar que a argamassa C não propor-
cionará um espalhamento satisfatório e formação de cordões;
provavelmente as seis argamassas estudadas são aplicáveis. A
análise que está sendo colocada é comparativa e os resultados
obtidos estão restritos para a relação água/materiais secos indica-
das pelos fabricantes.
Na Tabela 6 estão destacados os parâmetros analisados neste
trabalho, demostrando indicativos de maior influência da granu-
lometria no comportamento reológico das argamassas colantes
estudadas, comparativamente aos resultados obtidos pelo Squee-
ze Flow. Os parâmetros influentes, cujos resultados são numéri-
cos, estão indicados nessa tabela em alto (a), intermediário (a)
ou baixo (a). A morfologia está classificada em irregular e regular.
Quando a argamassa se destacou em algum parâmetro é utilizado
o sinal de +.
Comparando-se os resultados do ensaio “Squeeze Flow” com
os dados obtidos na análise das propriedades das argamassas,
conclui-se que o principal parâmetro influente no desempenho
das argamassas em estudo foi a distribuição granulométrica da
fração graúda. Calculando-se correlações entre as diversas pro-
priedades analisadas, a porcentagem de agregado retido entre as
peneiras com abertura de 0,3 a 0,15 mm foi a que se mostrou
mais significativa. Este comportamento talvez possa ser explicado
pelo fenômeno de embricamento dos grãos, ou seja, aproximação
entre os agregados e consequente atrito entre estes durante o es-
coamento, que influenciam diretamente na tensão de escoamento
das argamassas.
As argamassas A, C e D apresentaram distribuição estreita, o que
reduz a distância média de separação entre as partículas e di-
ficulta o fluxo. Esse efeito foi observado no ensaio, onde essas
argamassas apresentaram as maiores cargas de compressão.
Para a argamassa C, cuja carga máxima de compressão superou
as demais, a distribuição granulométrica estreita foi decisiva nes-
se desempenho. Na argamassa A, a distribuição granulométrica
estreita supera o efeito do alto teor de ar incorporado, resultando
numa carga de compressão inferior à C. Na argamassa D, o baixo
teor de ar incorporado, juntamente com a distribuição granulomé-
Figura 5 – Perfil da curva carga vs deslocamento das
argamassas colantes, obtidas com
o ensaio “Squeeze Flow”
Tabela 6 – Resumo da análise das argamassas
Argamassa Carga de
compressão (N)
Viscosidade da
pasta (mPa.s)
Distribuição
granulométrica
Teor de ar
incorporado (%)
Morfologia das
partículas (coef.arred.)
A
B
C
D
E
F
Alta (1,26)
Interm. (1,20)
+ Alta (1,54)
Alta (1,21)
Baixa (0,62)
+ Baixa (0,48)
Intermediária (64)
Intermediária (66)
Interm/Baixa (45)
Baixa (21)
Intermediária (66)
Alta (87)
Estreita
Aberta
+ Estreita
Estreita
+ Aberta
Aberta
+ Alto (28,2)
Intermediário (21,9)
Alto (22,9)
Baixo (15,7)
+ Baixo (15, 5)
Alto (26,6)
Irregular (0,518)
Irregular (0,515)
Irregular (0,504)
Irregular (0,495)
Irregular (0,492)
Regular (0,616)
1...,56,57,58,59,60,61,62,63,64,65 67,68,69,70,71,72,73,74,75,76,...167