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IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5 • nº 6
E. PEREIRA | M. H. F. de MEDEIROS
um sistema mecânico portátil [Figura 3(a) e 3(b)]. O aumento gra-
dual da força pode ser observado no aparelho, diretamente numa
escala, em Megapascal (MPa), e seu valor é registrado assim que
se dá o arrancamento do concreto. A força de tração que causa
ruptura, em conjunto com as curvas de calibração, torna possível
uma estimativa da resistência à compressão [5].
Existem vários fatores que podem influenciar os valores obtidos,
e que são responsáveis pela variabilidade neste ensaio. Além da
composição e propriedades do concreto, influem também a va-
riação na superfície de ruptura, orientação e posição do agrega-
do sobre o disco, material do disco (aço ou alumínio), diâmetro e
espessura do disco (razão e/d), sistema de contrapressão (anel
ou tripé) e velocidade de aplicação da carga [7]. Uma grande dife-
rença deste ensaio, tradicionalmente usado no Brasil para medir a
resistência de aderência de argamassas, sendo usado para con-
creto é que o agregado graúdo passa a ser um fator de influência
importante, inclusive sua forma e posição em relação a superfície
de teste. Este é um tema que necessita ser melhor estudado para
determinar o sentido e condicionantes desta variável. Outro fator
de interferência nos resultados é se logo abaixo da pastilha colada
e porteriormente arrancada existir armadura. A falta de controle
deste fator causaria distorções nos resultados interferindo nos tra-
balhos de inspeção. Por este motivo, aconselha-se que antes da
colagem de qualquer pastilha, seja usado um localizador de arma-
duras para garantir que não se está colando as pastilhas em áreas
em que a presença de armadura ocorra.
2.4 Vantagens e desvantagens dos três métodos
Entre as vantagens do esclerômetro estão a facilidade de opera-
ção, leveza, rapidez de execução das leituras e a não efetivação
de danos na peça de concreto inspecionada. Como desvanta-
gens deste método pode-se citar que a medida realizada se re-
fere a uma pequena camada superficial do concreto (cerca de
30 mm). Além disso, após 3 meses de idade das peças, há a
influência da carbonatação do concreto, que densifica o concreto
da camada carbonatada e tende a elevar os valores de índice
esclerométrico [25; 15].
Frente a outros métodos, a esclerometria pode ser aplicada em
elementos bastante delgados, sendo nesses pontos mais vantajo-
so que outros métodos, tais como extração de testemunhos. Para
estes casos, o esclerômetro é aconselhável de ser utilizado em
conjunto com outras técnicas para confirmar homogeneidade dos
elementos [26].
O ensaio de ultrassom também é uma forma de medida portá-
til e de rápida execução. Comparando com a esclerometria esta
técnica apresenta a vantagem de, sendo feita a medida de forma
direta, o resultado se referir a peça como um todo não sendo uma
leitura superficial, diluindo a influência da camada carbonatada,
tão presente nos trabalhos de inspeção de estruturas. Comparan-
do custo, este método envolve um equipamento cerca de 4 vezes
mais caro do que o esclerômetro de reflexão.
Uma desvantagem importante do método de ultrassom é que o
sentido da influência da umidade nos resultados ocorre de forma
inversa a medida da resistência à compressão, usando corpos de
prova extraídos e uma prensa. Isso significa que quanto maior o
teor de umidade do concreto, maior a velocidade de propagação
do ultrassom e menores os valores de resistência à compressão
de corpos de prova extraídos. Este detalhe é importante para os
casos em que se deseja produzir curvas de correlação da velo-
cidade de ultrassom versus resistência à compressão para uma
efetivação de estimativas em toda a edificação utilizando resul-
tados de ultrassom. Outra desvantagem que pode ser citada é a
influência da presença de armaduras, pois o som tem velocidade
de propagação no aço carbono muito superior do que no concreto
[27]. Desse modo, sua presença tende a elevar os valores de ve-
locidade de propagação do ultrassom, mascarando os resultados.
Comparando o ensaio de “Pull Off” com os de esclerometria e ul-
trassom, pode-se citar como desvantagem a redução da veloci-
dade do ensaio, uma vez que a leitura depende de uma colagem
prévia de pastilhas metálicas na superfície do concreto. A execu-
ção de furo com serra copo, se esta prática for adotada, também
envolve as desvantagens de consumir mais tempo e o uso de
outros equipamentos (furadeira com serra copo) no trabalho de
inspeção. Porém, este detalhe também pode ser citado como uma
vantagem, pois apresenta a possibilidade de executar o furo pas-
Tabela 1 – Composição química e caracterização física e mecânica do cimento
(a) Composição química
SiO
2
Cimento
(%)
Al O
2 3
(%)
Fe O
2 3
(%)
CaO
(%)
MgO
(%)
SO (%)
3
Perda Fogo
(%)
CaO livre
(%)
Resid.
Insol. (%)
Equiv.
Alcal. (%)
18,35
CP II-F-32
4,07
2,54
59,64
5,19
3,07
5,35
1,2
1,47
0,63
* Na Oe = Na O + 0.658 K O
2
2
2
(b) Caracterização física e mecânica
Tempo de Pega
Exp.
Quente
(mm)
Cons.
Normal
(%)
Blaine
2
(cm /g)
# 200 (%)
# 325 (%)
Resistência à Compressão
(MPa)
Fim
Início
(h:min)
(h:min)
1 dia
3 dias
7 dias
28 dias
4:10
3:31
0,83
3,338
25,5
3,87
17,76
11,1
25,1
32,0
40,4