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IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5 • nº 6
E. PEREIRA | M. H. F. de MEDEIROS
No Brasil, uma alternativa de complementação ao ensaio de es-
clerometria é o ensaio de ultrassom [12]. Desse modo, a Figura 10
apresenta os resultados obtidos com o ensaio de ultrassom.
Através dos ensaios de ultrassom com os dois tipos de corpo de
prova pode-se verificar uma ótima correlação entre os resultados
(R² > 0,98). O ensaio de propagação de velocidade de ultrassom,
executado nos corpos de prova cilíndricos, apresentaram correla-
ções muito próximas aos ensaios executados nos corpos de pro-
va prismáticos. Confirmando a hipótese anteriormente discutida
sobre a execução do ensaio em superfícies côncovas afetarem
negativamente os resultados obtidos. No ensaio de ultrassom a
velocidade de propagação de ultrassom é medida nas faces pla-
nas dos corpos de prova cilíndricos e possivelmente por este mo-
tivo os resultados obtidos por ambos os tipos de corpos de prova
apresentam correlações similares. Apesar disso, a velocidade de
propagação apresenta forte influência da forma do corpos de pro-
va, uma vez que para um mesmo concreto existe grande diferença
entre a resposta no corpo de prova cilíndrico e no cúbico.
Apesar da maior precisão obtida com o ensaio de propagação da
velocidade de ultrassom, a aquisição deste equipamento deman-
da um investimento alto quanto comparado ao esclerômetro, por
exemplo. Alternativamente ao ensaio de ultrassom e a esclerome-
tria, existe o ensaio de “Pull Off”, que apesar de também ter um
custo elevado de compra, é o mesmo equipamento utilizado para
execução do ensaio de resistência de aderência em argamassas.
A Figura 11 apresenta a correlação entre os resultados dos en-
saios de “Pull Off” otidos através do arrancamento na superfície
de placas de concreto e a resistência à compressão medida em
corpos de prova moldados com o mesmo concreto das placas.
Ao se analisar os valores obtidos com o programa experimental,
bem como os gráficos apresentados, pode-se concluir que o en-
saio de “Pull off” (ensaio de campo) mostra resultados consisten-
tes para comparação de seus valores com os resultados de re-
sistência obtidos em laboratório sendo uma ferramenta adequada
para avaliação da resistência do concreto in situ. Esta constatação
é fundamentada na observação dos valores de correlação com os
ensaios de compressão simples (ambos com R² acima de 0,93),
o que, sob o ponto de vista técnico, habilitaria o ensaio analisado
neste trabalho a ser usado para análise da resistência do concre-
to. Vale salientar que, neste caso, a estimativa da resistência à
compressão pelo “Pull off” leva a resultados muito semelhantes
tanto para os corpos de prova cilíndricos como para os cúbicos, o
que não ocorreu no caso da esclerometria e do ultrassom.
A execução do ensaio mostrou-se simples, o que permite afirmar
que, em comparação a outros ensaios não destrutivos, o “Pull Off”
não apresenta detalhes de execução mais complexos, podendo
ser realizado por uma mão de obra treinada, porém sem neces-
sidade de grande qualificação profissional, assim como no caso
do esclerômetro e do ultrassom. O equipamento é relativamente
simples de operar e sendo este o mesmo utilizado para ensaios
de aderência em argamassas, a sua disponibilidade bem como o
profissional para executar o ensaio tornam-se maiores.
5. Conclusões
Os ensaios não destrutivos são ferramentas adequadas e bastan-
te úteis no monitoramento de estruturas de concreto e na estimati-
va de sua resistência medida em campo. A utilização racional dos
vários métodos disponíveis, bem como uma possível combinação
de mais de uma técnica pode ser muito interessante principalmen-
te pelo ponto de vista da validade dos resultados.
O ensaio de esclerometria apresentou diferentes correlações com
a resistência à compressão do concreto quando medida em corpos
de prova cilíndricos ou prismáticos. Uma possivel causa disto pode
ser distorções causadas durante o ensaio sobre as superfícies cur-
vas dos corpos de prova cilíndricos. De um modo geral, verifica-se
que estudos sobre a eficiência e confiabilidade dos resultados do
esclerômetro devem ainda ser melhor realizadas. Recomenda-se
que o ensaio de esclerometria seja utilizado como complementar
a outros ensaios ou ainda em um estágio preliminar de inspeção.
Quanto ao ensaio de ultrassom, verificou-se que ele apresenta óti-
mas correlações (R² > 0,95) com a resistência à compressão do con-
creto, tanto medida em corpos de prova cilíndricos quanto cúbicos.
Porém, o comportamento dos resultados pareceu ser influenciado
pela forma dos corpos de prova, o que vai contra a teoria do método.
Os resultados obtidos com o “Pull Off” permitem afirmar que o en-
saio é plenamente factível de emprego para a estimativa da resis-
tência mecânica do concreto in situ. Esta afirmação se fundamenta
nos valores de correlação com o ensaio de compressão simples,
tanto em corpos de prova cilíndricos quanto nos prismas, em com-
paração aos valores do “Pull Off” (ambos com R² acima de 0,93).
Além do alto índice de correlação encontrado para este último en-
saio, acrescenta-se que o uso do “Pull Off” apresenta a vantagem
de que o equipamento é o mesmo usado para medir a resistência
de aderência em argamassas. A experiência adquirida nesta área
pode ser aproveitada na popularização do ensaio em estruturas
de concreto, uma vez que os procedimentos de execução dos en-
saios são similares. Desse modo, estes autores recomendam que
este ensaio seja assunto de estudo por outros pesquisadores, a
fim de futuramente ser objeto de normalização no Brasil, assim
como já é normalizado na Europa.
6. Referências bibliográficas
[01] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. Concreto - Ensaios de compressão
de corpos de prova cilíndricos. NBR 5739: 2007.
Rio de Janeiro.   
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Surrey University Press, 2nd Edition, Glasgow, 1989.
[07] PEREIRA, J. P. V. V. Avaliação da resistência à
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Dissertation (Master in civil engineering). Universidade
de Coimbra. Coimbra – Portugal, 1999.