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IBRACON Structures and Materials Journal • 2012 • vol. 5 • nº 4
Self-compacting concretes (SCC) – comparison of methods of dosage
1. Introdução
O desenvolvimento do concreto autoadensável marca um gran-
de passo em direção à eficiência e às condições de trabalho nos
canteiros de obras e na indústria de pré-fabricados. Este material
permite concretagens em tempos mais curtos, um melhor acaba-
mento estético da superfície do concreto, além de apresentar me-
lhores características no estado endurecido, conferindo estruturas
com maior durabilidade (GRUNEWALD, 2004 [5]).
Os benefícios deste tipo de concreto vão além da durabilidade
e da resistência. O CAA diminui a poluição sonora, já que não
faz uso de vibradores, o que também contribui para a redução
no consumo de energia elétrica; minimiza os riscos de acidentes
causados pelo excesso de pessoas sobre as lajes, pois necessita
de menos mão-de-obra; e reduz problemas ergonômicos nos tra-
balhadores, já que eles fazem um esforço menor no lançamento e
acabamento. Segundo Tutikian (2007 [3]), o uso do CAA direciona
a construção civil para uma produção industrializada, diminuindo o
custo da mão-de-obra, aumentando a qualidade, a durabilidade, a
confiança na estrutura e a segurança dos trabalhadores.
O CAA pode ser considerado o mais significativo avanço na tec-
nologia do concreto ao longo de décadas e deve substituir gra-
dualmente parte do concreto convencional produzido atualmente
pela indústria de concreto. O CAA é um material que reúne uma
combinação única de desempenho, uniformidade e requisitos que
não podem ser alcançados utilizando componentes convencionais
e usuais de construção (SONEBI, 2004 [6]).
Tutikian (2007 [3]) descreve que o CAA atrai cada vez mais interes-
se no Brasil, e tem sido utilizado em indústrias de pré-fabricados
e em obras correntes e especiais. Porém, os principais estudos
focam as propriedades mecânicas, a durabilidade e a possibilida-
de de utilização com determinados tipos de materiais locais. A do-
sagem, que é um dos aspectos mais importantes deste concreto,
vem sendo estudada superficialmente.
O CAA é mais utilizado no Japão e na Europa. No Brasil, no en-
tanto, é preciso haver mais confiança nos métodos de dosagens
para tornar o CAA mais confiável e popularizado, abrindo assim
um espaço maior para a sua aplicação em qualquer lugar que haja
viabilidade econômica (REVISTA TÉCHNE, 2008 [7]).
Diversos procedimentos ou recomendações internacionais e na-
cionais para dosagem do CAA foram publicados à medida que as
pesquisas foram se intensificando. Estes métodos podem divergir
em critérios para definição da composição granular, como do teor
de materiais finos, da imposição de limites para a relação água/
cimento, do volume de pasta, do teor de aditivo superplastificante,
do uso de aditivos modificadores de viscosidade e do estudo em
separado da pasta e da argamassa. Alguns métodos também con-
sistem em sequências de cálculos, traduzindo-se em intervalos
limite para cada material na mistura.
Neste trabalho foram comparados três métodos existentes de do-
sagem para CAA com materiais locais, a fim de determinar o mais
econômico, racional e durável, auxiliando a tomada de decisão por
parte do executor e proporcionando a viabilidade econômica e téc-
nica para aplicações práticas, podendo assim expandir os conhe-
cimentos e o emprego do CAA. Foram escolhidos os métodos de
dosagem propostos por Nan Su
et al
. [1] de 2001, por se basear em
equações e cálculos empíricos; o de Repette-Melo [2], elaborado
no ano de 2005 por propor uma seqüência de testes do aditivo na
pasta até o concreto para o acerto dos constituintes da mistura; e o
de Tutikian
& Dal Molin
[3], desenvolvido em 2007 por estudar o
esqueleto granular do concreto antes de torna-lo autoadensável. A
autoadensabilidade do CAA no estado fresco foi comparada através
dos ensaios de: espalhamento, t
500mm,
caixa “L” e funil “V” baseados
nos limites propostos pela ABNT NBR 15823:2010 [4]. Já no esta-
do endurecido foram analisadas as características de: resistências
à compressão aos 7, 28 e 91 dias, o módulo de elasticidade aos
91 dias, a velocidade de propagação das ondas ultrassônicas aos
91 dias e a penetração de íons cloretos aos 28 dias, para todas
as misturas. Ainda determinou-se o custo com base em valores de
mercado dos componentes dos concretos.
2. Objetivos da pesquisa
O presente trabalho tem como objetivo principal comparar técnica
e economicamente os métodos de dosagem propostos por Nan
Su
et al
em 2001 [1], Repette-Melo em 2005 [2] e Tutikian & Dal
Molin de 2007 [3] para CAA,
utilizando materiais disponíveis no estado do Rio Grande do Sul
–RS, Brasil.
3. Materiais e programa experimental
Tendo em vista os objetivos propostos, foi elaborado e desenvolvi-
do um programa experimental, que estabelece os ensaios realiza-
dos nos concretos bem como os materiais utilizados na pesquisa.
O trabalho experimental foi realizado no Laboratório de Materiais
de Construção (LMC), da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS).
Para execução de todos os concretos utilizou-se uma betoneira
de eixo vertical e seguiu-se um padrão na ordem para colocação
da mistura dos materiais. Primeiramente, colocou-se o agregado
graúdo, após 80% da água, areia média, areia fina, cimento, aditi-
vo e o restante da água. No total, foram dosadas oito misturas de
concreto, sendo que para cada uma foram fabricadas 11 corpos-
-de-prova (CP’s) com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura, para
realizar os ensaios, totalizando 88 CP’s. Estes permaneceram à
temperatura ambiente por 24 horas, com o topo protegido por pla-
cas de vidro. Depois, foram desformados e levados para câmara
úmida, retirando deste ambiente apenas para a realização dos
testes nas idades especificadas.
Figura 1 – Fluxograma de dosagem
método Nan Su et al., [1]